Revista Globo Rural - Faça mais com menos.

Editora Globo
Lair Antonio de Souza (à esq.) com os filhos Carlos Alberto e Luiz Antonio (Foto: Silva Junior/Ed. Globo)

 

Foi-se o tempo em que a análise do solo e a caracterização climática regional bastavam para que o produtor rural tomasse suas decisões de cultivo ou criação. Não que esses conhecimentos prévios sejam desnecessários, mas são absolutamente insuficientes para garantir o sucesso da atividade agropecuária, hoje dependente de um grande número de variáveis que descem a minúcias.

O propósito de GLOBO RURAL ao listar as 75 dicas para os principais cultivos e criações brasileiros, desenvolvidas em centros de pesquisa ou provenientes da experimentação dos produtores, não é, obviamente, esgotar o assunto. A cada ano surgem novidades, e práticas consagradas dão lugar a outras, mais condizentes com o ambiente contemporâneo – econômico, político, jurídico, mercadológico e, sobretudo, em relação à utilização dos recursos naturais.

Não há um pacote tecnológico pronto, aplicável a toda e qualquer propriedade com condições edafoclimáticas semelhantes. Em cada cultura, é preciso identificar nos pequenos detalhes onde se pode economizar, como é possível aumentar a produtividade, qual o pulo do gato para se diferenciar no turbilhão do mercado de commodities ou em que circunstâncias investir em agregação de valor na propriedade pode transformar prejuízo em renda.

Fazer mais com menos é a regra geral, ditada pela margem cada vez mais estreita obtida pelo produtor rural. Mas não só pelo aspecto econômico: os recursos naturais, o grande patrimônio de quem explora a terra, em muitos casos estão se exaurindo, e recuperá- los é imprescindível para continuar a produzir. Água, solo, energia, tecnologia, mão de obra, manejo e senso de oportunidade compõem as dicas das páginas seguintes. Quais servem para você?
 

Novidade na laranja

Produtor investe na industrialização da fruta para agregar valor ao pomar e evitar o caminho das grandes indústrias

Texto: Eliane Silva, de Araras (SP) * Fotos: Silva Junior

As caldeiras da Sucorrico, indústria de suco instalada na Fazenda Colorado, às margens da Rodovia Anhanguera, em Araras (SP), voltaram a funcionar às 16 horas do último dia 10 de outubro, após um intervalo de mais de 40 anos. Aproveitando os prédios antigos e apostando em novas tecnologias, menos mão de obra e produção 24 horas, o empresário Lair Antonio de Souza, de 84 anos, citricultor há mais de cinco décadas, decidiu reativar a velha fábrica de suco para “não ser esmagado pelas grandes indústrias de laranja, como tantos outros”. Para verticalizar sua produção, assumindo o papel da indústria, o produtor investiu R$ 55 milhões, sendo 30% próprios e 70% do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O plano inicial era agregar outros citricultores independentes à indústria, numa espécie de cooperativa, mas as negociações fracassaram.

A nova Sucorrico nasce com oito extratoras, com capacidade para moer 3,5 milhões de caixas de 40,8 quilos na safra 2013/2014, sendo a maioria de produção própria e uma pequena parte de parceiros da região de Araras, que recebem R$ 9,60 por caixa. A produção estimada é de 25.000 toneladas de suco por ano. A expectativa de faturamento é de R$ 50 milhões por safra, e o empresário espera ter retorno em sete anos, prazo para a quitação do financiamento.

No terreno da fábrica, que tem 12.000 metros quadrados de área construída, caminhões de laranja que esperam para descarregar nas esteiras automáticas ainda disputam espaço com máquinas e operários da construção civil que fazem obras no local. Lair afirma que a fábrica teve de entrar em operação antes do término da reforma para não perder a safra deste ano. Nas próximas colheitas, o plano é dobrar o número de extratoras e processar 5 milhões de caixas (a planta industrial prevê até 45 extratoras).

A primeira Sucorrico, fundada em sociedade com os Biagi, usineiros da região de Ribeirão Preto, funcionou na Fazenda Colorado de 1969 a 1972, até ser comprada pelo Grupo Cutrale junto com outras fábricas-satélite, ser sucateada e abandonada (Lair comprou de volta os prédios). A segunda foi fundada em 1996 em sociedade com 123 produtores, mas funcionava fora da fazenda. Com uma capacidade para moer 12 milhões de caixas, a segunda unidade foi vendida sete anos depois para a Citrovita, do Grupo Votorantim, que se fundiu mais tarde com a Citrosuco.

Veja a matéria completa na edição de novembro da Globo Rural, que já está nas bancas.
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